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Irmão Cláudio Rockenbach - Levando Deus a todos os lugares

17/12/2020
Institucional
O religioso é um dos personagens do projeto Memórias Maristas: histórias de amor e vida

O espírito missionário e a vontade de servir ao próximo com disponibilidade e empatia são características que o Irmão Cláudio Rockenbach carrega em seu coração desde a sua juventude. “Sempre tive vontade de ir aonde as pessoas mais precisam", enfatiza. Sua história de vida marista e sua experiência de mais de 30 anos como missionário no continente africano estão registradas no minidocumentário que faz parte da 4ª edição do projeto Memórias Maristas: histórias de amor e vida.

Natural de Arroio do Meio, ele é o sétimo filho do casal João Frederico e Maria Rockenbach. Sua infância na colônia foi permeada por momentos de trabalho na roça com os pais, brincadeiras com os Irmãos e uma disciplina bem rígida, herdada do pai. “Só falávamos alemão em casa, fui aprender a me expressar melhor em português depois que eu fui para a escola", lembra.

Suas primeiras referências sobre a Congregação Marista estavam na própria família: “o meu tio era Irmão Marista, meu irmão mais velho era Irmão Marista e meu outro irmão também era Marista. Bom, eu decidi que, então, eu também queria ser", conta.

Aos 13 anos, aceitou o convite do Ir. Fridolino e foi para Bom Princípio iniciar os estudos. Lá ficou durante dois anos fazendo o curso de admissão e depois foi para a Casa de Formação em Porto Alegre para seguir as próximas etapas formativas. Ele recorda que, às vezes, a saudade de casa apertava mais forte no coração: “imagina que, na época, a gente só ia para casa uma vez por ano visitar a família e ficava em torno de três semanas", recorda.

Foi em Porto Alegre que ele teve um contato mais próximo com a possibilidade de ser missionário. Em 1948 o Bispo de Moçambique veio para a capital gaúcha e solicitou às congregações religiosas que enviassem missionários para atuar na África. “Sempre que falava em missão, eu gostava de ouvir e sempre desejei ir", afirma o Ir. Cláudio. Ele recorda que as palavras do Bispo o entusiasmaram muito, mesmo sendo um formando ainda, ele sentiu que aquele chamado era para todos, inclusive para ele. Nesse período, ele conta que, só escutava histórias sobre a África, mas nunca tinha visto nada mais concreto, tudo o que sabia era fruto dos relatos de outras pessoas.

Seguindo a sua formação marista, fez o Postulado e o Noviciado em Veranópolis e, depois que professou os primeiros votos, iniciou seu período de Escolásticado.

​“Deus te encontra em qualquer lugar"

No terceiro ano de Escolásticado, o Ir. Cláudio foi enviado para Maceió. “O Irmão José Otão, que era reitor da PUCRS, precisava de um professor de filosofia e sabia que lá no Nordeste havia um Irmão que tinha essa formação. Ele solicitou a transferência dele aqui para o Rio Grande do Sul, mas a exigência era que fosse enviado um Irmão jovem, escolástico, para ficar à disposição da Província de lá. Foi nesse contexto que eu fui encaminhado para trabalhar em Maceió", conta Rockenbach.

Em Maceió, ele dava aula para a terceira série primária e vivia em uma comunidade em que havia Irmãos de outras nacionalidades: um francês e um português. No final do ano, recebeu o envio tão desejado: ser missionário na África. Mesmo com o sonho de servir em outros lugares, ele achava que ainda não estava preparado para assumir o desafio. Mesmo por vezes inseguro, agarrou a oportunidade como uma forma de aprender e se desenvolver.

Como o destino era longo e sem um prazo determinado para o retorno, saiu de Maceió e voltou ao Rio Grande do Sul para se despedir da família. As palavras usadas pela mãe estão na sua memória até hoje:

“A minha mãe sabia do processo dos Maristas, achou estranho eu estar de volta em casa naquele momento e perguntou o que tinha acontecido. E eu disse: Olha, eu fui escolhido para ir para a África e vim me despedir. E ela só me disse: pode ir, Deus te encontra em qualquer lugar!", essa frase foi uma força motivadora para que ele encarasse o desafio com mais confiança.

A reação do pai com a notícia também foi de incentivo, mas, ao mesmo tempo a dúvida sobre como seria esse novo destino do filho pairava sobre seus pensamentos: “o meu pai me perguntou: a África fica longe? Eu não tinha como responder... só disse: é.. fica longe. E ele continuou: Mais longe que Lajeado? E eu disse: É, deve ser um pouco mais longe...", relembra.

Depois da despedida da família, começa a aventura, como relata o Irmão. Na época, com 22 anos, ele fez uma viagem longa com muitas escalas durante o trajeto. Do Rio Grande do Sul, foi para a Bahia, onde ficou um mês até chegar o dia do embarque no navio que o levaria até Lisboa, em Portugal. Foram 11 dias em alto mar até chegar ao continente Europeu.

Chegando a Lisboa, eles tiveram que “aguardar o tempo oportuno". Após três meses de espera, receberam as passagens de avião para ir ao seu novo destino. “Foi um pinga-pinga. Cinco escalas! E não era a jato... chegamos já era noite. No dia seguinte, pela manhã, pegamos outro avião, e daí foram só 45 minutos, de Johanesburgo até a capital de Moçambique são só 600 km", conta.

Apostolado missionário

O Irmão Cláudio Rockenbach morou na África durante 32 anos. Sua atuação se deu em dois momentos: o primeiro durou 22 anos e foi marcado pela sua atuação como professor na escola marista da cidade de Moçambique que funcionava na modalidade de internato.

Com a independência de Moçambique, ele resolveu voltar para o Brasil. “Eu imaginei que, com a minha espontaneidade muito direta, de repente o governo me corta", ele explica. Durante esse período de 16 anos que ficou no seu país de origem, ele fez mais cursos de aperfeiçoamento e sempre cultivou em seu coração a vontade de voltar para a África.

“Eles têm um conceito de vida e de história muito diferente. É outra cultura, eles valorizam o tempo de uma forma diferente. Me arrependo das asneiras que fiz, logo que cheguei, querendo que eles fossem como eu", relata o Irmão que reforça que o mais importante em uma atuação missionária é saber observar, vivenciar e sentir a cultura local, sem tentar impor nada. Apenas viver o momento e aprender junto com as pessoas.

“A missa dos meus votos perpétuos, por exemplo, foi realizada embaixo de uma mangueira. Para mim estava ótimo, eu estava junto com as pessoas que me acolheram lá, qualquer lugar servia", ele relata.

Quando retornou para morar em Moçambique por um período de mais dez anos, foi destinado a trabalhar mais diretamente com os Irmãos que já estavam lá: “ajudei a construir o projeto da casa de formação para Irmãos. Eles já haviam comprado o terreno, só precisavam organizar o projeto da casa. Esse local acabou se tornando o Noviciado da Província da África Austral".

“Para mim,​ deixa saudades a África porque eu sei tudo o que deixei lá, muito trabalho, muito suor, muita distância", finaliza o Irmão Cláudio. Para conhecer mais detalhes sobre essa história de amor e doação pela missão marista assista ao vídeo completo aqui:


​Memórias Maristas: histórias de amor e vida

Neste ano de 2020, o projeto Memórias Maristas: histórias de amor e vida  chega a sua quarta edição e apresenta em 12 minidocumentários, marcos importantes da nossa caminhada institucional que se cruzam com as histórias de vida dos personagens entrevistados. Muito mais do que narrativas documentais, o projeto humaniza a trajetória da Rede Marista a partir desses relatos. Confira os vídeos da quarta edição aqui