Caracterizados pelo forte apelo sensacionalista, os programas “policialescos", veiculados pelo rádio e pela televisão brasileira, são quase exclusivamente dedicados a narrar violências e criminalidades, aproveitando-se da exposição indevida de vítimas e acusados, com objetivo de aumentar os números de audiência em todo o país.
Como uma forma de coibir as violações sistemáticas dos inúmeros direitos que esses programas realizam, foi lançado, no mês de junho, um manifesto pelo fim do financiamento dos programas policialescos. O documento foi assinado pela União Marista do Brasil (Umbrasil) e por mais de 50 entidades da sociedade civil.
A criação do manifesto foi embasada nos dados da pesquisa “A publicidade como estratégia de financiamento dos programas policialescos", realizada pela Andi – Comunicação e Direitos, que monitorou 20 programas desse gênero, em dez estados brasileiros, durante três semanas, e analisou as cotas de patrocínio, de merchandising e os anúncios veiculados nos intervalos comerciais.
Além disso, o estudo 'Violações de direitos na mídia brasileira', realizado em 2015, já apontava para dados preocupantes sobre o conteúdo desses programas. Na análise realizada foram constatados mais de 4.500 violações de direitos, 8.232 infrações às leis brasileiras e 7.529 infrações a acordos internacionais. Boa parte dessas infrações foi praticada contra adolescentes em conflito com a lei, que cotidianamente têm sua imagem exposta e ridicularizada por apresentadores dos policialescos.
Como maristas, valorizamos a vida e temos como compromisso trabalhar pela promoção e garantia dos direitos. Projetos que defendam a dignidade humana são apoiados pela instituição.