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Revitalização do Memorial Champagnat apresenta os primeiros resultados

30/09/2016
Institucional
Há alguns anos, o mundo marista dedica atenção especial ao patrimônio histórico e espiritual legado pelo fundador e construído pelos milhares de Irmãos e Leigos ao longo de 200 anos.

​Há alguns anos, o mundo marista dedica atenção especial ao patrimônio histórico e espiritual legado pelo fundador e construído pelos milhares de Irmãos e Leigos ao longo de 200 anos. Na Rede Marista, a memória institucional ganhou lugar especial com a criação do Memorial Champagnat, localizado em Viamão.

Idealizado pelo Irmão Armando Luiz Bortolini, o Memorial manteve seu formato por 18 anos. Para acompanhar o ritmo da história, percebeu-se a necessidade de revitalizá-lo. Iniciativa que acompanhou também o avanço de ações voltadas à memória institucional, entre elas a criação do Centro de Patrimônio e Espiritualidade Marista (Cepem), do qual, agora, o Memorial faz parte.

O projeto de revitalização está sendo realizado por uma equipe multidisciplinar e conta com o apoio do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. O trabalho técnico da equipe que atua na revitalização e conservação do memorial iniciou em abril de 2015 com um levantamento que identifica e numera os objetos pertencentes ao memorial. Até o momento, foram contabilizados cerca de 1,8 mil objetos (número variável em decorrência das constantes doações/transferências) e 24 mil fotografias.

Quadro Parietal

Um desses objetos catalogados remete às décadas de 1940 e 1950, o Quadro Parietal sobre o algodão que foi utilizado no antigo Colégio Marista São Francisco, de Vacaria. Os quadros parietais foram instrumentos pedagógicos utilizados em sala de aula entre a segunda metade do século XIX e as décadas iniciais do século XX, para auxiliar no processo de ensino aprendizagem. Temáticos, os quadros continham a representação gráfica de determinados conteúdos escolares numa superfície que facilitava a observação dos alunos. Este quadro, utilizado em Vacaria, foi elaborado em Paris, pela empresa Maison Deyrolle. 

Conforme a museóloga que compõe a equipe, Gabriela Carmo, entre o material catalogado há diversos recursos pedagógicos utilizados ao longo da história pelos Irmãos. “Pedra de escrever (lousa ardósia), tinteiros, penas, quadros parietais, retroprojetores, microscópios, ferramentas que testemunharam, em diferentes épocas, o centro do Carisma Marista: a educação", conta Gabriela, ao referir-se à contribuição pioneira da instituição para a história da educação no Rio Grande do Sul.

Paralelo ao levantamento e identificação dos materiais, está em fase de elaboração uma série de documentos como missão, objetivos, política de acervo e sistema de documentação, essenciais para a gestão museológica. Além disso, a equipe seleciona os objetos e separa os que serão doados por não se adequarem à missão instituída para o Memorial.

Para o Irmão Jean Arcari, coordenador do processo de revitalização do Memorial e historiador, o trabalho é fundamental. "Ainda temos que crescer na construção de uma mentalidade que valorize os bens históricos na sociedade como um todo. Esse é um dos nossos compromissos, pelo significado que o catolicismo tem para história do nosso país e do nosso estado", afirma. Ao longo da revitalização, uma das propostas é fazer exposições itinerantes dos objetos catalogados.​

Valorização da memória dos Irmãos

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Por receber objetos provenientes das Comunidades Religiosas, muitos artigos do Memorial narram a história dos próprios Irmãos. O desafio de identificar os objetos e fotos depende da memória dos Irmãos que são capazes de reconhecê-los. Para isso, os Irmãos que residem na Casa São José são convidados a auxiliar a equipe a reunir informações baseadas em suas lembranças pessoais. A ação, chamada de Encontros com o acervo, iniciou meses atrás e já surte efeitos positivos.

A museóloga Gabriela cita o caso do Irmão Herbert Wildner que, após o primeiro contato com as fotografias, tem visitado o Memorial diariamente. “É admirável perceber sua disposição, boa vontade, interesse e disciplina com a atividade, além de sua vasta memória que lhe possibilita relembrar quem são os Irmãos retratados nas fotografias. Inconformado quando não recorda o nome de algum colega, é comum ele retornar em outro dia, com o nome na ponta da língua, feliz com o feito", destaca. Segundo ela, a identificação é acompanhada por relatos de histórias vividas em outros tempos, das amizades, do trabalho, das viagens.

Além de valorizar as vivências dos Irmãos, a iniciativa contribui para manter viva as lembranças, podendo prevenir inclusive problemas de saúde. “São diversos os estudiosos a enfatizar o potencial terapêutico de ações que propõem uma revisita às memórias. Os pesquisadores afirmam que esse processo ajuda a promover a autoestima, aumentar o bem-estar e a satisfação de vida, além de prevenir o surgimento de sintomas relacionados à depressão", explica Gabriela.

Equipe responsável pela revitalização

Irmão Genuino Benini - Coordenador do CEPEM

Irmão Jean Arcari - Historiador e coordenador do Memorial

Gabriela Carmo - Museóloga e responsável técnica

Marcelo Scheffer - Graduando de Museologia e estagiário

Aloisio Bueno - Graduando de História e estagiário

Simone Monteiro – Museóloga e coordenadora de projetos museológicos do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS