“Somos chamados a cuidar da missão marista. Cuidar deve ser o centro norteador do que estamos fazendo e do que ainda vamos fazer”, afirma Ricardo Mariz, da coordenação da área de Missão e Gestão da União Marista do Brasil (UMBRASIL). Ele faz uma retrospectiva do que foi vivenciado no primeiro semestre deste ano no contexto regional e lembra do impacto que todos os países da América Latina sentiram com a chegada da pandemia. “Vivemos, inicialmente, uma aceleração de processos que já estavam em curso, como, por exemplo, a digitalização de parte das nossas ações e reuniões”, recorda. “Vivemos, também, um agravamento da realidade de desigualdade social. O vírus não faz distinção de classes sociais, mas as condições de enfrentamento do vírus revelam e ampliam uma fratura social que já existia”.
Responsável pelas estratégias da missão marista no contexto nacional em conjunto com as três Unidades Administrativas brasileiras, Ricardo nos apresenta uma reflexão dos possíveis caminhos de atuação neste período turbulento. O educador, pesquisador e sociólogo avalia que é a partir das dimensões do cuidado que se deve agir atualmente nas diversas frentes regionais. “Mesmo em um momento em que os cenários são nebulosos e flutuantes, o porquê de tudo o que fazemos precisa ser evidente e evidenciado em todos os momentos e desdobramentos dessa crise”, explica.
Ele percebe que o tempo de instabilidade exige uma atenção às pessoas, algo já presente e que agora é reforçado. Entende como uma necessidade regional, que ultrapassa fronteiras nacionais e nos convida a sermos família global. “Nesse processo de priorização, sobressai esse cuidado necessário: o cuidado com as pessoas que fazem acontecer a nossa missão”, afirma Ricardo. “Possuímos dezenas de milhares de colaboradores na Região América Sul, se contarmos com os familiares de todos os colaboradores, provavelmente passaremos de uma centena de milhares de pessoas. Cuidar dessas pessoas, das condições básicas, da saúde física e mental e contar com todos para a concretização da nossa missão”.
Um presente de prioridades e coerência com o jeito marista
Para Ricardo, é fundamental entender que os planejamentos agora precisam ser ágeis, e a prioridade é manter a coerência, corrigindo simultaneamente o que for necessário. Assim, ele enumera três perguntas que podem orientar essa coerência no período atual: O que fazer para passar pela crise? O que não fazer apesar da crise? E o que não deixar de fazer em função da crise? “De nada vale sairmos relativamente bem do ponto de vista econômico dessa crise, se deixarmos de lado os que mais precisam”, lembra o educador. “O jeito marista de enfrentar tudo isso é um jeito inclusivo, que não abre mão de ninguém, de nenhuma oportunidade de aprendizagem, do cuidado com a saúde, com a história de vida de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, confiaram e confiam em nossa missão”, finaliza.
Trajetória e missão
Ricardo Mariz é Pedagogo, Mestre em Educação e Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília, foi Pesquisador do Programa de Mestrado de Gestão do Conhecimento e Tecnologias da Informação da UCB (Universidade Católica de Brasília) e membro da Comissão de Justiça e Paz do Distrito Federal. Hoje atua na área de Missão e Gestão da Umbrasil, que congrega os projetos de educação, solidariedade, evangelização e gestão.
Sua trajetória no campo da educação iniciou em 1988, atuando como professor de ensino religioso, passando pela área Pastoral de colégios confessionais, no Movimento de Educação de Base da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e na Associação de Educação Católica do Brasil. Foi em 2002 que sua caminhada marista teve início no Colégio Marista de Brasília. Já em 2004, passou a atuar na Universidade Católica de Brasília, na docência e gestão e, a partir de 2014, iniciou seu trabalho na UMBRASIL, começando pela área da Vida Consagrada e Laicato e depois na área de Missão e Gestão.
Durante este período de pandemia, Ricardo publicou um e-book chamado O mundo dentro de casa - Aprendizagens possíveis em um tempo inusitado, com reflexões sobre esse momento sensível. É possível conferir o conteúdo na íntegra aqui.