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Relatos de uma experiência missionária na Austrália

21/10/2020
Institucional
O Irmão Fabrício Basso está participando do projeto Lavalla>200 do Instituto Marista

A atuação marista está presente em mais de 80 países. Os Irmãos e Leigos Maristas, que se sentirem chamados a dedicar um tempo de suas vidas para atuar além de suas fronteiras geográficas e culturais, podem participar de um dos programas internacionais promovidos pelo Instituto Marista. O Irmão Fabrício Basso é um dos religiosos da Rede Marista que está participando do projeto Lavalla200> atuando como missionário na Austrália desde o início do ano.

O desejo de servir em outros países já vem sendo amadurecido no seu projeto de vida há algum tempo. “Desde 2014, eu vinha sinalizando para o Provincial o meu desejo de atuar como missionário em outro país. Estruturando melhor essa proposta na minha formação religiosa, entendi que precisava primeiramente concluir algumas etapas formativas para estar mais preparado para a missão", explica Basso. Em 2019, ele iniciou o processo de preparação para o projeto Lavalla200> e, em janeiro desse ano, iniciou sua atuação na Comunidade Internacional de Mount Druitt, em Sydney.

Aprendizados em meio a uma nova cultura

O ano de 2020 está sendo desafiador em todo o mundo. Imagina então para quem precisa se adaptar em um novo país.  O Irmão Fabrício conta que, logo que chegou, a Austrália estava sofrendo com grandes incêndios florestais e logo depois já começou o período de isolamento devido à pandemia do coronavírus, ou seja, a adaptação está se dando aos poucos e com a ajuda dos companheiros de comunidade e dos amigos que já conquistou ao longo desses nove meses.

“Acho que o mais difícil foi o idioma. Eu nunca tinha estudado inglês. Na Itália, enquanto estava me preparando para vir para Sidney, eu aprendi um pouco com os colegas que estavam comigo na comunidade. Depois, quando cheguei aqui, fiz cinco semanas de aula. O restante eu vou aprendendo no dia a dia, com a convivência com as pessoas", afirma.

Na rotina de trabalho, os horários também são um pouco diferentes do que no Brasil: “realizamos nossas atividades das 9h às 14h, sem intervalo de almoço. Geralmente, fazemos um lanche rápido e seguimos trabalhando", explica.

​A atuação como professor

A principal atividade desempenhada pelo Irmão é ministrar aulas de reforço para os estudantes do Centro de Apoio Escolar Marist Learning Zone (MLZ). A unidade é um espaço de readaptação para os estudantes que estavam matriculados no ensino regular e acabaram desistindo dos estudos por motivos de adaptação e problemas de convivência e socialização.

Localizado em Mount Druitt, zona periférica de Sidney, com alto índice de vulnerabilidade social, o centro de apoio é uma oportunidade para que os alunos retomem os estudos e possam se preparar para voltar a frequentar a escola regular.

Grande parte da população dessa localidade é aborígene, e sofre até hoje com discriminação e preconceito: “Até a metade dos anos 80, havia uma discriminação muito grande. Hoje ainda há, mas ela é muito velada. Eles são vistos como pessoas que não gostam muito de trabalhar, que não têm muito compromisso, mas isso não é verdade, eles são pessoas muito bacanas que acabam sofrendo com esses julgamentos".

O Centro de Apoio MLZ, como é conhecido, atende gratuitamente cerca de 50 a 60 jovens. O Irmão Fabrício ministra aulas de diferentes disciplinas e conta que a troca multicultural é o que mais encanta nessa atuação: “eu acabo aprendendo muito com os jovens porque eles trazem essa bagagem cultural e nós trocamos bastante. Eu sempre digo que eu consigo ensinar um décimo do que eu aprendo com eles", afirma Basso.

“A partir dessas vivências eu pude repensar a educação de um outro viés. Nunca havia voltado o meu olhar para as práticas educativas da sala de aula, era sempre um foco mais pastoral ou comunicacional, que eram as áreas em que eu atuava. Agora estou tendo um novo ponto de vista", avalia o Irmão que relata que está se surpreendendo com a sua atuação em sala de aula.

​Comunidade internacional

Atualmente, além do Irmão Fabrício, a Comunidade Internacional de Mount Druitt é formada por mais dois Irmãos: Noynoy Jonnel Sisnero, filipino, e Lawrie McCane, australiano. Os três estão aguardando mais um casal de Leigos espanhóis, Ruben Galego Montero e Silvia Martinez​, que irá compor a comunidade com eles. Nesse momento, em função da pandemia, o deslocamento internacional está suspenso, e eles terão que aguardar a liberação.

Na comunidade, eles cultivam a fé e o carisma marista em fraternidade. Respeitando as características culturais e os hábitos de cada um, as atividades comunitárias são realizadas de forma espontânea. “Pela manhã, fazemos uma meditação e à noite temos um momento de oração", explica.

A troca multicultural é sempre o fator que mais encanta o Irmão Fabrício. Os três religiosos são responsáveis por fazer todas as atividades domésticas. Eles cozinham, limpam, lavam roupa e fazem a jardinagem. “Isso é bom porque vamos conhecendo os talentos uns dos outros. Nas refeições, sempre temos cardápios variados, porque cada um acrescenta um pouco da sua cultura. É uma troca intercultural bem interessante", explica.

Além da atuação na Escola MLZ, os Irmãos também participam de atividades no centro cultural aborígene Baabayn Aboriginal. Lá eles realizam atividades lúdicas com as crianças, ministram aulas de reforço e contribuem com a comunidade local. O Irmão Fabrício também atua em projetos promovidos pela Província Marista da Austrália realizando formações com grupos de jovens e participando de encontros da Associação Marista.

Quando perguntado se ser missionário vale a pena, ele responde com convicção: “Essa experiência missionária é muito positiva. Do ponto de vista cultural, é extremamente enriquecedor. Eu, por exemplo, nunca havia dado aula, e aqui eu tenho que dar aula todos os dias. É um desafio, mas é muito bom", finaliza.

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​Sobre o projeto LaValla200>

O projeto Lavalla200> - Comunidades Internacionais para um Novo Começo​ é uma iniciativa do Instituto Marista aberta a Irmãos e Leigos/as que se sentem chamados a dedicar um tempo de suas vidas para além de suas fronteiras geográficas e culturais.

Após participarem de um programa de preparação, os/as participantes são enviados em missão para uma das comunidades Lavalla200>, ou para um dos Projetos especiais do Instituto, tais como: Distrito Marista da Ásia, Projeto Fratelli, Solidariedade com o Sudão do Sul​ e outros.

A principal característica do Lavalla200> é a vivência em comunidades maristas mistas, em que  Irmãos e Leigos/as trabalham juntos/as em uma perspectiva de interculturalidade para responder às necessidades emergentes.​