Estimado D. Orlandi Dotti, Bispo Emérito de Vacaria; estimada Ir. Márian Ambrosio, Presidente da CRB Nacional; estimado Ir. Josep Soteras, Conselheiro Geral do Instituto Marista; estimados Irmãos Conselheiros Provinciais, Irmãos Capitulares e demais Irmãos aqui presentes; estimados familiares que me honram com sua presença; estimados Leigos/as, colaboradores/as, formandos maristas, jovens da PJM; e todos os que acompanham, pela internet, esta celebração; recebam minha saudação fraterna!
Estamos vivendo um momento de grande significado para a Província Marista do Rio Grande do Sul. Ao findar este Triênio, temos uma história intensamente vivida a celebrar! Ao mesmo tempo, queremos olhar para o horizonte que se abre e nos faz vislumbrar muitas oportunidades e desafios, tanto no exercício de nossa missão quanto no crescimento e na conversão de nossos corações, na ótica do espírito e da espiritualidade Marista.
E temos, também, muito a agradecer: a Deus, que nos agraciou com suas abundantes bênçãos nestes 112 anos de presença em terras gaúchas; aos Irmãos Conselheiros, que me acompanharam com sua doação, ajuda e despojamento. De modo particular, agradeço ao Ir. Gilberto Zimmermann Costa, Vice-Provincial e meu braço direito em todos os momentos, companheiro leal, fraterno, dialogante, exímio articulador de equipes e grupos, e para quem não houve tempo ruim. Procuramos, como Conselho e demais áreas de atuação, construir juntos, caminhar juntos. Deixamos de lado nossos projetos individuais e nos debruçamos sobre o que o 3° Capítulo Provincial nos recomendou.
Minha gratidão a todos quantos, de modo direto ou indireto, apoiaram e contribuíram, de modo efetivo, na caminhada deste triênio. Um agradecimento especial à Comissão preparatória deste 4° Capítulo Provincial, que, juntamente com as equipes de apoio, se esmerou em todos os detalhes, para que os Capitulares tivessem em mãos tudo o que pudesse contribuir para o bom andamento do Capítulo e houvesse um clima de discernimento e de profunda fraternidade.
Traçamos juntos, como Província, e em particular como Conselho Provincial, um plano de trabalho. Sempre tivemos a certeza de que Deus, Maria e Champagnat, nos acompanhariam e nos conduziriam até o fim do Triênio. Estou certo de que, daqui para frente, Deus e Maria continuarão nos conduzindo. Eis a pergunta que vem nos movendo: o que Deus deseja da nossa Província, no exercício da missão, na vivência e no testemunho do espírito e da espiritualidade marista?
Por esta razão, preciso agradecer, também, a todos quantos auxiliaram de modo direto e indireto na construção do Plano Estratégico e do Novo Modelo Organizacional da Província. Agradeço por todo o apoio recebido e também pelas dificuldades e resistências que vieram, pois nos ajudaram a amadurecer, refletir e discernir em maior profundidade.
Ao mesmo tempo, peço perdão a todos quantos possa ter ofendido ou magoado; aos que não escutei como esperavam ser escutados; aos que frustrei por não atender seus anseios e desejos.
No Triênio que agora se encerra, escolhemos como símbolo o barco, em torno do qual eu queria que todos estivessem focados. O barco navega em direção a um horizonte; e tem como ponto de referência o sol, a luz que aponta para onde somos convidados a remar. Jesus Cristo é o grande timoneiro, e Maria é quem encoraja os remadores, sobretudo quando o barco navega em águas caudalosas. O próprio símbolo continha o conteúdo do Triênio: construir juntos, caminhar juntos, em comunhão de ideais e valores que nos impulsionassem para vitalizar o carisma de São Marcelino Champagnat. Assim, a dinâmica desejada em todos os setores, comunidades e empreendimentos, foi a da mesa redonda, em que procuramos nos escutar e escutar o Senhor, depois de, no silêncio pessoal, escutar o nosso coração e o Espírito que clamava em nós.
Lembro-me bem da homilia do Pe. Egon Biensfeld na minha posse, no dia 8 de dezembro de 2009: “Inácio, prepara-te para a cruz”. Posso lhes garantir que ela esteve presente em muitos momentos deste Triênio. Vivi momentos de solidão, em que só encontrei força para dar sentido ao que vivia colocando-me de joelhos diante do Sacrário e contemplando o rosto de Maria, aquela que nos precede e nos reúne. Foi nesse lugar que recobrei as forças para ir adiante, com persistência e determinação, e com os olhos fixos em Jesus.
Grande parte do que foi realizado nesses três anos, está compilado no relatório trienal, preparado com muito esmero pela Secretaria Provincial, junto com a Assessoria de Comunicação Corporativa e os gestores de todas as áreas e dos empreendimentos da Província. Devo muito e agradeço, de coração, por essa maravilhosa colaboração.
Meus caros Irmãos, leigos/as maristas de Champagnat, gestores, afiliados, formandos e jovens: estamos iniciando um novo Triênio. O que ele nos reserva? O que Deus deseja de todos nós nesses próximos anos? Certamente temos muitas perguntas e, talvez, alguma resposta! Mas tenho certeza de que existem também muitos anseios e expectativas! É preciso escutar o Senhor da história, discernir sua vontade, escutar sua voz e decidir colocar-se a caminho. Precisamos ser capazes de obedecer ao Senhor da História e não fazer prevalecer o que nós queremos. Somos convocados a colaborar com Deus, como diz o apóstolo Paulo na carta aos Coríntios. Com certeza Ele já se manifestou no momento da escolha do tema deste capítulo e, por consequência, do próximo Triênio: Somos chamados a cuidar da vida. Eis um desafio de grande porte. Se estamos aqui, é porque recebemos cuidados de cuidadores esmerados, para que nos desenvolvêssemos como pessoas, como cristãos e como religiosos maristas.
Somos, nós, hoje, os chamados a cuidar da vida, a cuidar de nossa vida, de nosso projeto de vida pessoal e institucional, da vida das pessoas que servimos no exercício de nossa missão, do meio ambiente, da sustentabilidade de nossos empreendimentos, dos cuidadores, de nossas famílias, de nossas comunidades, dos jovens vocacionados. Por falar nos vocacionados, como cuidamos da continuidade de nossa família religiosa? Que tal cada comunidade preparar-se para acolher um ou dois vocacionados e ajudá-los no seu discernimento vocacional?
Aliás, tudo o que falei por ocasião da minha posse, em 8 de dezembro de 2009, continua de pé. Somente reforço e convido-os a revisitar o que foi dito naquele dia. Muito construímos neste Triênio que finda, como o Novo Modelo Organizacional e o Plano Estratégico Provincial 2012-2022. Tudo está bem iniciado, mas precisamos consolidar, juntos, essas iniciativas. Em outras palavras, todos estão convocados a enfrentar esse desafio, comprometidos a cuidar da vida e com o desejo de continuar caminhando juntos, construindo juntos.
Um segundo desafio que percebo para o novo Triênio provém do 21° Capítulo Geral, que nos conclama a ser a “anima”, a seiva vital, o viço legado por São Marcelino Champagnat. É missão insubstituível dos Irmãos, dos leigos/as maristas de Champagnat, dos jovens, dos formandos e de todos os colaboradores: assegurar que a nova estrutura organizacional gere mais vida e vida em abundância, que tenha o espírito marista, que desenvolva a espiritualidade apostólica e mariana, e que a missão de tornar Jesus Cristo conhecido e amado se torne uma realidade visível em todos os empreendimentos.
A missão dos Irmãos, neste cenário, é ser continuamente memória e consciência do carisma de nosso Fundador. Se os Irmãos perderam de vista essa missão, o Novo Modelo Organizacional será uma mera estrutura organizativa, sem espírito, sem valores, sem ideais, sem anima, sem viço e sem sentido. Se o espírito e os valores se perderem, para nada servirá este ou qualquer outro modelo organizativo. Essa missão é estratégica e, ao mesmo tempo, é corresponsabilidade de todos.
Irmãos, esses princípios que menciono nos são dados como mandato nas nossas Constituições, nos números 163, 165, 168 e 171. Ninguém pode se eximir, pois a missão é nossa, dos jovens Irmãos, dos Irmãos de meia idade, dos Irmãos idosos... e também dos formandos, dos jovens e dos leigos/as maristas de Champagnat. É imperativo avivar o nosso ser Irmão e leigo/a marista e os valores que promovem a vida e o cuidado com a vida, em todas as suas dimensões. Champagnat adverte-nos e convoca-nos, continuamente, a estarmos no caminho da conversão e a perseguir o ideal de sermos santos, sábios e bons. Mas, tudo isso só conseguiremos se nos unirmos, se nos mantivermos em dinâmica de “koinonia”, de comunhão, para sermos consciência e memória do legado de Champagnat no mundo contemporâneo, pois nosso compromisso é com a vida. Somos chamados a cuidar da vida.
Finda o triênio, mas não finda a missão. Nós, pessoas humanas, históricas e circunstanciais, passamos, porém o projeto continua. O que deixaremos como legado às gerações futuras? Qual é a marca que deixaremos impressa na história da Província e do Instituto?
Muitos são os desafios e inquietudes que, neste momento, se movimentam dentro de mim:
Precisamos ser, dos humanos, os mais humanos. Se buscamos excelência na missão e nos nossos empreendimentos, precisamos humanizar as relações em nossas famílias, em nossas comunidades e no exercício de nossa missão.
Precisamos consolidar o que iniciamos no Triênio 2010-2012.
Precisamos nos debruçar sobre o nosso SER IRMÃO, chamados a ser profetas da fraternidade. O mundo carece de verdadeira fraternidade, de comunhão, de koinonia. E nós somos chamados a buscar a excelência na vivência da fraternidade, e a sermos escolas de fé, de valores, de ideais, de verdadeira vida. É isso que encanta, apaixona e aproxima as pessoas que desejam ser discípulas do Senhor.
Precisamos, urgentemente, de corações convertidos e de pessoas que se coloquem a caminho, sem medo. Sejamos testemunhas do Reino, da fraternidade, da compaixão, da acolhida... assim seremos, também, verdadeiros cuidadores da vida.
Precisamos cuidar da vida, onde ela clama: cuidar da vida das crianças, dos jovens, dos adultos; cuidar da vida espiritual; cuidar da vida do carisma.
Precisamos caminhar para uma sadia intercongregacionalidade.
E precisamos construir redes de solidariedade, de fraternidade, utilizando os meios modernos de comunicação; usar a comunicação como meio privilegiado de evangelização e de Animação Vocacional.
Concluo convocando-os a assumir este grande desafio: cuidar da vida, onde ela clama e em todas as suas dimensões. Coragem! Maria vai à nossa frente, pois é nossa GUIA e COMPANHEIRA.
Muito obrigado!
Veranópolis, 12 de dezembro de 2012 – Festa de Nossa senhora de Guadalupe.
Ir. Inacio Nestor Etges
Provincial