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Com marcas da enchente de 2024, estátua de Champagnat está exposta na capela da Sede Provincial Marista

30/04/2025
Institucional
Imagem do fundador, que estava no Centro Social Marista Aparecida das Águas, passou por processo de conservação

​Quando as águas da enchente de 2024 invadiram o Centro Social Marista Aparecida das Águas, em Porto Alegre, levando consigo móveis, documentos, brinquedos e objetos queridos pela comunidade da Ilha Grande dos Marinheiros, um símbolo de esperança permaneceu firme. A imagem de São Marcelino Champagnat, fundador do Instituto Marista, permaneceu em pé, submersa por dias na lama barrenta que tomou conta do espaço.

“Nós ainda não tínhamos acesso ao lado interno, foi pela janela que nos deparamos com a cena. Estávamos impactados com tanta tragédia que as águas causaram, mas ali estava ele, de pé. Ao nos depararmos com a imagem de Champagnat resistindo, senti que a sua fé e a sua missão seguem vivos entre nós, iluminando nosso peregrinar com esperança e solidariedade”, relata Ir. Luciano Taminski, que, na época, morava na Comunidade Marista da Ilha Grande dos Marinheiros.

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Enquanto tudo ao redor era arrastado pela correnteza impiedosa, a estátua resistiu, como um farol de fé em meio à devastação. O episódio comoveu a todos/as que testemunharam a cena após o recuo das águas. Depois de passar por um processo de conservação, a estátua agora integra o espaço da capela da Sede Provincial Marista. Ela continua a inspirar aqueles/as que passam pela Casa Mãe.

Projeto de memória institucional: conservação do símbolo

Diante da relevância simbólica da imagem e da necessidade de conservação, foi desenvolvido um projeto de memória institucional voltado à conservação da imagem. A proposta não era restaurá-la, mas conservar as marcas deixadas pela enchente como parte de sua história e da própria Província Marista Brasil Sul-Amazônia/Rede Marista.

A primeira etapa do processo consistiu em aplicar técnicas especializadas para remover a umidade residual e evitar a proliferação de mofo e fungos, promovendo a longevidade da imagem. Ao mesmo tempo, a equipe responsável definiu que a lama seca, símbolo da tragédia climática, não seria removida completamente, mas preservada de forma controlada, destacando a memória do ocorrido. Por fim, trabalhou-se na estabilização da peça, prevenindo danos estruturais que poderiam comprometer sua integridade. 

Além das ações de conservação física, a imagem de São Marcelino Champagnat passou a integrar as narrativas institucionais, servindo como inspiração para a mensagem do Provincial alusiva ao dia do fundador, assegurando que futuras gerações conheçam e se inspirem na resiliência material e espiritual que ela representa.

Na mensagem que escreveu pelo Dia de Champagnat de 2024, Ir. Deivis Fischer, nosso presidente/provincial, afirmou: “Há algumas semanas, eu meditava a imagem de Maria junto ao Seu Filho Crucific​ado – ela estava lá, de pé. Agora, deparávamo-nos com a imagem de Champagnat, também de pé! Ao longo da nossa vida, há momentos em que caímos, levamos rasteiras da realidade e que podem nos deixar perplexos. É preciso, diante disso, buscar força interior para enfrentar cada desafio, cada movimento adverso. Nosso Fundador, confiando em Deus e olhando para Maria, como caminho que leva a Jesus, superou tempos muito difíceis. Como um farol, ele continua iluminando nossa trajetória”.

Ao longo dos últimos meses, a imagem também serviu como ambientação em eventos institucionais importantes, como a II Assembleia Provincial da Missão Marista e o IV Capítulo Provincial.

A estátua de Champagnat não é mais apenas um símbolo religioso, mas um testemunho de superação e compromisso com a solidariedade, lembrando que, mesmo diante das maiores tempestades, a fé e a determinação permanecem inabaláveis.

É um sinal de resiliência, um testemunho silencioso da missão marista de educar e acolher, mesmo diante das adversidades. Com o barro ressecado cobrindo sua base e marcas visíveis da inundação, a peça tornou-se símbolo da força daqueles que, assim como a imagem, permanecem firmes para reconstruir e seguir adiante.

Crédito da foto: Eduarda Alcaraz