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A atuação da juventude na região amazônica em busca da valorização dos povos originários

13/04/2022
Amazônia
Jovens relatam suas experiências de protagonismo e luta pela valorização do território e povos da região amazônica

​​Foto: Divulgação/REPAM

A valorização dos​ povos originários é uma luta constante, em especial, na região amazônica onde vive grande parte desta população. Segundo dados oficiais do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13% do território brasileiro é ocupado por mais de 800 mil indígenas. São em torno de 246 etnias que vivem na Amazônia Legal. 

Enquanto instituição educacional e católica, o enfoque de trabalho da Rede Marista na região amazônica é atuar junto a essas comunidades de povos originários e ribeirinhos em parceria com outras instituições que também lutam pelo cuidado com a Casa Comum e pela valorização da vida e da dignidade humana. 

A formação voltada para as juventudes é um dos eixos de atuação da Rede Marista em diferentes cidades da região amazônica. Na Amazônia tem uma juventude muito boa, muito unida, com presença e cultura forte. Realmente não é só indígena, tem muitos outros grupos étnicos quilombolas, ribeirinhos e outros. Somos, no fim, um só povo. Tentamos resistir todos os dias, afirma o professor indígena de Aldeia Braço Grande (Santarém - PA), Diego Arapyun, em entrevista para pesquisa sobre projeto de vida e juventudes na pandemia realizada pelo Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista e pela startup Pedra Circular. 

É com o objetivo de potencializar essa força e o protagonismo dos/as adolescentes e jovens que é desenvolvido, na Comunidade Marista de Boa Vista (RR), a iniciativa Um Novo Começo – Projeto de Vida. Cerca de 30 jovens migrantes e brasileiros/as participam de atividades socioeducativas sobre vocação e projeto de vida. A atividade é desenvolvida em parceria com a Diocese de Roraima, com a Pastoral Social de Roraima e com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). 

Em Sinop (MT), um dos destaques de trabalho é na formação pastoral. Os Irmãos que atuam no Colégio Marista Santo Antônio realizam atividades de formação humana cristã para crianças, adolescentes e jovens nas turmas de catequese, acólitos, coroinhas e apoiam os grupos da Pastoral Juvenil Marista da escola. 

​Desafios da juventude amazônica 

O período pandêmico evidenciou os desafios enfrentados pela população da região amazônica e foi graças a articulação de jovens e o apoio de instituições parceiras que foi possível enfrentar este período tão difícil. 

Na pesquisa realizada pelo Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista, o professor indígena, Diego Arapyun, e a participante da REPAM Juventudes, Jeaninne Tenório, contaram como conseguiram realizar iniciativas para enfrentar a pandemia. “Enquanto jovens pegamos esta luta independente de qualquer coisa. Levamos orientações  e falávamos tudo na língua materna para que as pessoas do nosso povo pudessem entender, em especial os mais velhos”, explica Diego.  

Jeaninne complementa explicando que, assim como nas aldeias, as situações enfrentadas no interior do estado do Amazonas também eram delicadas. “Foi um desafio, mas a vontade de ajudar era maior. No interior não havia acesso à água potável, portanto era maior a contaminação. Tínhamos que andar 20 a 30 minutos só para pegar a água do rio. Este interior foi esquecido, todos os recursos iam para Manaus. Alguém precisava olhar para o interior e nós olhamos”, afirma. A articulação realizada pela REPAM atingiu 131 comunidades e 11 municípios com a conscientização popular. 

É a partir dessa atuação conjunta que os projetos de cuidado com a Casa Comum e valorização da dignidade humana saem do papel e tornam-se realidade na região amazônica. Conforme explica o coordenador de articulação da Rede Eclesial Pan-Amazônica, Diego Aguiar, a REPAM vem trabalhando em conjunto com as instituições para potencializar essas ações: A participação de jovens indígenas, ribeirinhos, migrantes, universitários, quilombolas, das periferias das grandes cidades, de diferentes carismas e organizações nesses espaços de incidência pública expressam a riqueza da unidade na diversidade e o caráter plural de uma juventude com rosto amazônico, afirma. 

Com um olhar macro para essas realidades e com sua vivência de trabalho junto as comunidades indígenas, o Irmão Nilvo  Favretto, da Comunidade Marista de Lábrea, avalia que uma forma de contribuirmos com as juventudes da Amazônica é investindo na educação. 

“Se tratando dos povos do Tapauá, por exemplo, eles praticamente perderam a sua língua nativa. Os professores que vem dar aulas tem apenas o Ensino Médio ou Técnico e não tem nenhuma referência s​obre a língua ou a cultura desses povos, então essa transmissão desse conhecimento acaba se perdendo”, avalia o Irmão. 

Segundo ele, é necessário um trabalho de reestruturação da educação, investindo na formação dos professores para que os jovens tenham uma formação de qualidade em seus territórios e possam, dessa forma, exercer o seu protagonismo em diferentes espaços de articulação e conhecerem seus diretos para atuarem dentro e fora das comunidades indígenas.  

 

Sobre a atuação marista na Amazônia 

A formação para crianças, adolescente e jovens é uma das ações realizadas pela Rede Marista na região amazônica. Há mais de 50 anos, os Irmãos, Leigos/as e colaboradores/as estão à frente de projetos que visam a formação de lideranças, inserção em comunidades indígenas, Pastoral, Animação Vocacional, educação básica e voluntariado. Saiba mais sobre a presença marista na Amazônia aqui. 

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