Neste sábado, 28/3, foi divulgada a carta produzida pelo Presidente da Rede Marista, Ir. Inacio Etges em sensibilização pelo período turbulento que a sociedade passa. No texto, o Irmão retoma o compromisso que temos enquanto instituição de refletir e pensar em como tomar atitudes solidárias e fazer com que esse momento de crise se torne um aprendizado para todos. "Neste momento, não cabem mais lamentações, passividade e, muito menos, indiferença", retoma. "É tempo propício para pensar no bem comum, abertos para a partilha. É tempo de nos empenharmos na arte e na cultura do cuidado".
Confira abaixo o texto na íntegra:
Coincidência ou não, somos chamados a fazer quarentena em pleno tempo de quaresma - 40 dias em preparação à Páscoa - um tempo litúrgico que a Igreja nos propõe para revisitarmos nossa história, avaliarmos o quanto a nossa vida está alinhada com a vontade do Criador sobre nós mesmos e sobre a humanidade. Jesus, voluntariamente, retirou-se e foi ao deserto meditar, focar-se no essencial e decidir seguir o projeto de Deus, com tudo o que isso implicava.
Crentes ou não, façamos desta quarentena a nossa quaresma. Neste momento histórico no qual estamos imersos, a única certeza é a de que vivemos em meio a muitas incertezas. A pandemia Covid-19 nos recorda o quanto somos vulneráveis. Deparamo-nos com um vírus capaz de modificar nosso ritmo da vida, bem como a ordem mundial. De outra parte, esse impacto nos faz reconhecer que somos uma aldeia global, afetada pelo inesperado de forma quase equânime neste momento. Se não o fazemos por opção, agora vemo-nos forçados a deixar de lado qualquer individualismo, a abandonar nossos “egos”, a abrirmo-nos aos “ecos” (ecossistema, ecologia integral, economia solidária etc.) e a cuidar uns dos outros, como família global.
Vivemos tempos difíceis, sim, mas também de aprendizados e de avaliação de nossa existência, práticas e atitudes. É tempo de tomar consciência de nossa vulnerabilidade e limitação. É tempo de ressignificar nossas relações na família, no trabalho, no convívio social. A meditação, o jejum e a penitência, possíveis e tão necessários, nos pedem, nesta época, novas e criativas feições.
Uma crise supõe tomada de decisões com base em novos critérios, e esta crise, especialmente, nos exige reflexão pessoal e institucional sobre a solidariedade e como vamos vivê-la, genuinamente, sem romantismos. Que estilo de vida, esquemas e hábitos devemos deixar ir, para permitir que um novo modus vivendi se incorpore ao nosso cotidiano? Do lado de quem estamos? Junto a quem vamos prestar nossa solidariedade?
Neste momento, não cabem mais lamentações, passividade e, muito menos, indiferença. É tempo propício para pensar no bem comum, abertos para a partilha. É tempo de nos empenharmos na arte e na cultura do cuidado. É isso que pode reacender a esperança, na certeza de que não estamos sós.
Ir. Inacio Nestor Etges
Presidente da Rede Marista
Provincial da Província Marista Brasil Sul-Amazônia