Desde 1982 a Organização das Nações Unidas (ONU) marca o dia 4 de junho como o Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão. A data é usada para dar visibilidade ao tema e promover a reflexão sobre essa realidade, alertando para os efeitos negativos de diversos tipos de violências e agressões a que crianças e adolescentes vivenciam.
Segundo dados do relatório de 2017 da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 300 milhões de crianças no mundo são regularmente submetidas à violência física ou psicológica dentro da própria casa. No Brasil, os dados de 2018, do Ministério da Saúde, apontaram que 80% dos casos de violência contra crianças e adolescentes são praticados por familiares ou cuidadores. Ou seja, essas vítimas estariam ainda mais expostas aos seus agressores durante o período de isolamento social ocasionado pela pandemia.
Com o objetivo de reforçar a rede de apoio e proteção a essas vítimas, o Unicef listou cinco dicas básicas para que qualquer cidadão possa agir em casos de violência contra as crianças, adolescentes e jovens. Confira:
1. Cuide das crianças e dos adolescentes: A casa deve ser um lugar seguro para meninas e meninos, livres de agressões e abusos. Se você tem crianças e adolescentes em casa, procure criar um ambiente de paciência, amor, carinho e segurança para sua família, especialmente para eles. Ofereça apoio e busque reservar um tempo para interagir com cada criança, fortalecendo a relação entre você e ela. Converse e brinque sempre que possível, e explique a situação de pandemia que estamos vivendo de forma amorosa e adequada à idade da criança. Entender o que está acontecendo é o primeiro passo para que ela se sinta segura.
2. Cuide de você: É normal sentir ansiedade, nervosismo ou estresse em uma situação como a pandemia da Covid-19. Por isso, saiba que é fundamental cuidar da sua saúde mental. Tome cuidado para não descontar seu estresse ou frustração nas crianças e nos adolescentes, lembre-se de que elas e eles precisam do seu carinho e proteção e, também, podem estar enfrentando esses sentimentos.
3. Procure ajuda: Crianças e adolescentes que se sintam incomodados com alguém em suas casas, que estejam sofrendo qualquer tipo violência, se sentindo em risco, ou se testemunharem uma violência: devem pedir ajuda! Isso inclui falar com um adulto em que confia, procurar o Conselho Tutelar mais perto ou ligar no Disque 100, que recebe denúncias anônimas sobre violência contra crianças e adolescentes.
4. Denuncie: Xingar, humilhar e praticar castigos físicos, como bater, são formas de violência. Por isso, tenha em mãos os canais de denúncia para qualquer situação de agressão. Se você testemunhar, souber ou suspeitar de alguma criança ou adolescente vítima de negligência, violência, exploração ou abuso, Disque 100. Para violências contra mulheres e meninas, Disque 180. As ligações são gratuitas e você não precisa se identificar.
Os Conselhos Tutelares, as polícias e o judiciário seguem trabalhando, mesmo que em regime de plantão. O Conselho Tutelar do seu bairro pode ser o canal mais rápido para proteger crianças e adolescentes contra todas as formas de violência, por isso, busque o número de telefone e entre em contato. Caso algum canal não funcione, procure a rede de Assistência Social do seu município, eles poderão fazer a ponte com os serviços disponíveis.
5. Conheça e divulgue os canais de proteção: Para que todos possam combater a violência, é necessário ter acesso a informações de qualidade e saber como proceder nessas situações. Compartilhe os contatos dos canais de denúncia de violência com seus familiares e amigos para que a rede de proteção cresça cada vez mais.
Leituras sobre esse tema
A Assessoria de Proteção à Criança e ao Adolescente da Rede Marista fez uma seleção de artigos e publicações recentes sobre a temática de violência infantil que são indicadas para quem quer se aprofundar mais sobre esse assunto. Confira:
Impacto do distanciamento social nas notificações de violência contra crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul, Brasil - Mateus Luz Levandowski (2021)
Características da violência contra crianças no município de Porto Alegre: análise das notificações obrigatórias - Thayane Martins Dornelles (2021)
Mais de 100 mil crianças e adolescentes morreram vítimas de agressões na última década – Sociedade Brasileira de Pediatria (2021)
Violência mata mais de 103 mil crianças e adolescentes no Brasil - Sociedade Brasileira de Pediatria (2021)