Nos dias 19 e 20 de outubro, mais de 260 pessoas, entre pesquisadores, Irmãos Maristas, educadores e representantes de movimentos sociais, estiveram reunidas na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) para o I Simpósio Juventudes Contemporâneas. O encontro, organizado pelo Comitê Juventudes da Rede Marista e pelo Observatório Juventudes da PUCRS, potencializou reflexões e debates relacionados ao tema por meio de três painéis e mais de 130 trabalhos apresentados.
O Simpósio começou com uma apresentação musical realizada por educandos do Centro Social Marista Aparecida das Águas. A partir de rimas, dança e percussão, eles trouxeram aspectos de diferentes realidades de crianças, adolescentes e jovens brasileiros. Na sequência, o Vice-Presidente da Rede Marista, Ir. Deivis Fischer, destacou a importância de motivar o protagonismo juvenil. “É muito importante estarmos aqui hoje para que possamos construir, caminhar, desenvolver e transformar juntos", afirmou.
Para finalizar a abertura, os artistas Felipe de Freitas e Agnes Cardoso apresentaram uma sequência de versos de poesia de resistência. Ambos são integrantes do coletivo Poetas Vivos, de Porto Alegre, e neste ano foram campeões nacionais de slam – espécie de “batalha de poesia" surgida nos Estados Unidos e que cresce cada vez mais em nosso país.
Debates e participação
Os debates do encontro iniciaram com a conferência Processos Educativos e Metodológicos de Trabalho com as Juventudes, ministrada por Regina Novaes, Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Uma das principais pesquisadoras brasileiras da área, Regina apresentou um olhar sobre as diferentes experiências geracionais das juventudes e de como elas são refletidas e representam as mudanças socioculturais. “As juventudes são o espelho e a lupa da sociedade", apontou.
No início da tarde, ocorreu o primeiro painel do evento, com o tema Juventudes e Diversidades na Perspectiva Étnico-racial e de Gênero. Mediada pela professora da Unipampa Juliana Machado, a atividade teve a participação de Suelen Gonçalves, Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS e integrante do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC/PUCRS); André Musskopft, Doutor em Teologia, professor e integrante da coordenação do Programa de Gênero e Religião das Faculdades EST; e David Mantalof, acadêmico de Serviço Social da PUCRS e educador social no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Restinga e Extremo Sul.
A programação seguiu com a primeira rodada de apresentações de trabalhos, divididos em temáticas como Trabalho e Projeto de Futuro, Diversidades, e Participação Política, Socialização e Protagonismo. O segundo painel, Educação, Novas Tecnologias e Possibilidades de Expressão Juvenil, fechou o primeiro dia de Simpósio. A conversa foi ministrada pela Diretora de Graduação da PUCRS, Adriana Kampff, e contou com a presença de Débora Conforto, Doutora em Educação, na linha de Informática na Educação. Atua como supervisora de Tecnologias Educacionais na Rede Marista, e Adriano Teixeira, também Doutor em Informática na Educação e professor na Universidade de Passo Fundo.
No sábado, o Simpósio iniciou com a segunda etapa de apresentações dos trabalhos e foi finalizado com o último painel Saúde mental e novos desafios no trabalho com as juventudes. A partir de uma exposição de Rodrigo Grassi de Oliveira, professor e psiquiatra do Hospital São Lucas da PUCRS; de Rodrigo de Andrade, coordenador do Observatório das Juventudes e doutorando de Pós-Graduação em Teologia da PUCPR e com mediação de Andrea Bandeira, professora da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS, a conversa abordou as relações dos jovens com a saúde mental, os distúrbios psicológicos na contemporaneidade e os principais obstáculos encontrados principalmente em função do uso de mídias sociais.
Jovens protagonistas
Segundo o Coordenador do Observatório Juventudes da PUCRS, Maurício Perondi, a programação pôde compartilhar diferentes enfoques pela vida das juventudes. “Além de promover o diálogo, seguimos nosso posicionamento institucional de incentivar o protagonismo juvenil", reflete. “A participação dos jovens na concepção e condução do evento, apresentação de trabalhos e tendo lugar de fala em todos os painéis é muito coerente com aquilo que a Rede Marista acredita".
O Ir. Deivis Fischer também ressalta a diversidade de assuntos tratados. Para ele, o Simpósio abordou tanto questões que abrangem todas as juventudes quanto aquelas que tocam segmentos específicos. “Os debates nos aproximaram desse universo, ajudando a entender suas diversidades e semelhanças", pontua.
Para Vitória Tesser Henkes, jovem do Colégio Marista Aparecida, de Bento Gonçalves (RS), assistir aos grupos de trabalho durante os dois dias do evento foi uma experiência marcante para os seus estudos de juventudes. “Ver jovens agindo e buscando voz nos mais diferentes espaços me motivou bastante". Animadora da Pastoral Juvenil Marista (PJM), ela relata que a participação no Simpósio foi importante para conseguir enxergar a sociedade de forma mais ampla. “Perceber as juventudes como pauta de discussão em outros espaços fez eu abrir ainda mais os olhos para outras realidades", afirma.