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Goyo: a história do pintor que deu vida ao rosto de Champagnat

23/10/2020
Institucional
Conheça uma trajetória de amor, arte e simplicidade

 “A arte me dá muita felicidade, porque percebo que é a minha forma de transmitir para as pessoas o meu amor pela vida, a minha tristeza e a minha alegria". Com essa simplicidade e delicadeza é que Gregorio Dominguez Gonzalez conta como entende a sua vocação como pintor. “Há muito do meu interior em cada obra que pinto".

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Gregorio Domínguez, conhecido como Goyo
Fonte: Página oficial do Facebook do artista: https://www.facebook.com/goyodominguezpintor​

Natural da Província de Burgos, na Espanha, Goyo, como é carinhosamente chamado, tem uma história de vida muito próxima à missão marista. Entre tantas narrativas, ele é reconhecido por ser quem deu vida ao rosto de Champagnat – imagem presente em inúmeros espaços de missão marista por todo o mundo: em diversos corredores, murais e salas de aula de espaços maristas.

O início da trajetória marista

Com uma jornada que iniciou em 1970, Goyo conta que ingressou na Congregação com 10 anos.  “As disciplinas eram um pouco difíceis para ele, pois levava uma alma e gostos de artista", conta Ir. Augustin Carazo, formador do pequeno Goyo, durante seus primeiros anos no Noviciado. Ele recorda que, na época, ajudou Goyo em algumas matérias escolares e que para isso pediu o seu caderno de anotações. “Fiquei maravilhado quando vi todo o caderno dele cheio de desenhos feitos com um lápis. Eram muito expressivos.", conta Ir. Carazo. “Para animá-lo, encarreguei-me de encaminhá-lo para o Diário Mural do Seminário, e foi aí que me dei conta de que ele era um pequeno gênio do desenho".

Assim como esse episódio, a vivência na congregação dos Irmãos foi um presente para o futuro pintor que, durante toda a sua formação, recebeu vários convites para auxiliar em projetos artísticos em diferentes espaços maristas. “Nesse processo, sempre tive a oportunidade de expressar o que eu gostava, se precisava de alguma decoração ou algum projeto que tivesse alguma relação com a pintura, eu fazia", conta Goyo. “Depois fiz várias interpretações da figura de Champagnat e murais nos colégios relacionados à vida de Champagnat", recorda.

Do amor à profissão

Ao deixar a congregação, com 27 anos, Goyo foi convidado por um empresário inglês – junto com mais um grupo de artistas, a realizar uma exposição em Madri. Naquele momento, ele lembra que percebeu que a sua vida como pintor profissional iniciava. “Foi um período muito interessante e de aprendizados pelas trocas que tive com meus colegas artistas, pelas pessoas e lugares que conheci. Acredito que foi o que impulsionou minha carreira".  Para ele, essa foi uma grande oportunidade: “foi uma ótima alternativa, pois eu sempre gostei de pintar, mas não sabia vender". Com simplicidade e amor pela arte, Goyo conta que seguiu essa caminhada por muitos anos até meados de 2018. Após esse período, e até hoje, atua sozinho, em seu ateliê.  


Em todos esses anos, ele fortalece que o que o motiva a seguir exercendo essa vocação são as pessoas e suas histórias. Emocionado, ele recorda com carinho de um episódio em que uma senhora comprou sua obra, em uma exposição de Londres. “Lembro que ela comprou um quadro meu, e ela parecia muito contente e agradecida. Para mim, era surpreendente que algo que nasceu dentro de mim poderia fazer alguém feliz", explica. “Eu posso pintar, pintar e pintar, mas se as pessoas não se conectam com o que eu faço eu me sinto mal, não comunico, me sinto sozinho e não falo o que está dentro de mim".

Outro projeto que teve sua participação foi uma iniciativa realizada com uma associação junto a cinco artistas em uma rua de Calábria, na Itália. “A proposta era pintar alguns muros de uma rua específica. Era lindo ver as pessoas que se aproximavam de nós, as crianças que perguntavam sobre a obra", lembra. “O trabalho do pintor é muito solitário, mas esse projeto me proporcionou uma conexão com as pessoas, com a história do povo e com os outros artistas", relembra. ​

O pintor de Champagnat

Com uma carreira já reconhecida em diversos lugares da Europa, Goyo é conhecido pela forma na expressão humana em suas obras. “O rosto humano é algo que sempre me chamou atenção. Quando pinto um rosto me dou conta das infinitas expressões que pode ter uma pessoa: basta que eu mude um pouco uma pincelada, a distância dos olhos, enfim, é um oceano de possibilidades para demonstrar diferentes expressões e sentimentos", explica o pintor.

E sua contribuição na caminhada marista não foi diferente. Assim como todo jovem vocacionado, conheceu Champagnat e sua história logo que entrou no Noviciado, entretanto a sua proximidade e conexão com a história do fundador da missão marista se deu por incentivo do Ir. Augustin Caroza, que é seu amigo até hoje. “Foi ele que me incentivou a pesquisar mais sobre a vida de Champagnat e pintar seu rosto", lembra. “Com a sua motivação, junto a estudos que fiz na França, consegui me aproximar da representação de Champagnat", conta Goyo. “Também acredito que a espiritualidade influenciou de forma muito direta na minha produção. Se eu não tivesse entrado na congregação, dificilmente conseguiria me conectar com a história de Marcelino e representá-lo dessa maneira".

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Representação do rosto de Champagnat, estudada e criada por Goyo em 1999.
Fonte: portal do Instituto Marista (https://champagnat.org/pt/​)

Mesmo com sua saída do Instituto, Goyo conta que Champagnat é inspiração para sua vocação e trabalho. “Os valores de trabalho marista, de escutar, estar perto das pessoas, ser protagonista e fazer tudo com muito amor e simplicidade foi algo que aprendi com os Irmãos Maristas e que levo para a minha vida", conta. Entre diversas figuras produzidas por Goyo, a mais conhecida foi a que produziu para a sua Canonização, em 1999. Além dessa, seus quadros com representações de Champagnat e sua vida estão em diversos corredores, murais e salas de aula de espaços maristas por todo o mundo.

Relatos de humanidade

“Hoje meu sonho é que encontrem uma vacina para o coronavírus para que possamos voltar a estar juntos", revela com graça e esperança o pintor marista. Atualmente, passando pela pandemia, Goyo desabafa que, durante esse período sensível, passou por momentos difíceis e sem inspiração.

Revelando sua humanidade e sensibilidade, ele fala que, diferente do que se poderia pensar, durante a quarentena, ele se afastou um pouco das telas e teve a música como válvula para meditar e buscar boas sensações. “Sem muito ânimo para pintar, nesses dias estive aprendendo a tocar violão", conta.​

Educar pela arte

Com uma caminhada cheia de histórias e vivências, o pintor espanhol sempre retoma o carisma marista como uma filosofia de vida e compartilha sua admiração pela busca de um mundo mais fraterno através da educação. “O importante é chegar no coração das pessoas: seja pela pintura, pela música, pelo teatro ou qualquer uma outra arte", afirma. “Utilizar todas as oportunidades de técnicas que existem para criar e para manifestar a vida.

No fim das contas, a arte fala da vida", afirma. “Para a educação, a arte é uma ferramenta maravilhosa", fortalece Goyo. “Transmitir conhecimento pela arte é uma forma divertida, simples e gera mais vontade de viver e de compartilhar a experiência da vida".​