“Hoje celebramos, no Brasil, os povos da floresta, os povos
originários que, desde 1500, os portugueses apelidaram, equivocadamente, de
índios.” explica Ir. Nilvo Favretto, da Comunidade Marista Internacional de
Tabatinga (AM), sobre a necessidade de ressignificar os olhares e atitudes para
o dia 19 de abril. “Vamos retirar do nosso vocabulário o termo índio e utilizar
povos da floresta, povos originários”.
Data conhecida
erroneamente como dia do índio, ela surgiu em 1940, devido a protestos dos
povos originários. Desse modo, essa data nos
permite reflexões sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da
manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.
Para entender, respeitar e viver uma cultura
Ao mesmo tempo em
que celebramos, podemos nos questionar se o nome escolhido não pode reforçar
algumas noções pré-concebidas que se têm relacionadas aos
povos indígenas. Para Daniel Munduruku, Doutor em Educação pela USP e indígena,
a data ajuda a cimentar preconceitos sobre os povos tradicionais, e poderia ser
substituída pelo dia da Diversidade Indígena - conforme entrevista concedida ao
Portal G1.
Para ele, "a palavra indígena diz muito mais a nosso
respeito do que a palavra índio. Indígena quer dizer originário, aquele
que está ali antes dos outros", defende Munduruku, que pertence ao povo
indígena de mesmo nome, hoje situado em regiões do Pará, Amazonas e Mato
Grosso. Nesse mesmo sentido
é que pontua o Ir. Nilvo junto às comunidades da Amazônia, buscando descontruir
percepções estereotipadas e preconceituosas no que diz respeito
aos povos da floresta. “Cada povo tem uma
identidade, tem uma língua, tem um nome próprio. Nós devemos reconhecer,
respeitar e valorizar essas culturas que aqui estiveram antes de nós”,
lembra Ir. Nilvo, “são povos, são nossos irmãos que aqui viviam e vivem
ainda hoje, e merecem ser respeitados na sua cultura, sua riqueza, sua língua”.
Presença marista junto aos povos originários
“Nesse dia,
lembramos a importância de celebrar, respeitar e valorizar as diferentes
culturas e diferentes povos”, lembra o Ir. Nilvo. Sua atuação é parte de uma
história marista que há mais de 50 anos percorre comunidades nativas, regiões
ribeirinhas e a imensidão de rios, lagos e florestas amazônicas. Os Irmãos,
Leigos e Leigas da Rede Marista estão presentes nas cidades de Boa
Vista, no estado de Roraima; Manaus, Tabatinga e Lábrea, no estado do Amazonas;
e Cruzeiro do Sul e Rio Gregório, no Acre.
Em sintonia com a
Igreja da Amazônia, a Rede Marista busca uma ação inculturada em meio às
crianças, adolescentes, jovens e famílias, preservando seus valores, superando
limitações, defendendo a vida em plenitude em todas as suas formas. Assim, no
dia de hoje, fortalecemos a importância em (re)conhecer os povos originários
e compreender sua história.
Saiba
mais sobre a atuação marista na Amazônia.