Ir. Inacio Etges - Presidente da Rede Marista*
Não são raras as vezes que escutamos falas de que 2020 foi um ano perdido. Diferente disso, acredito que esse foi um momento de transformação e que deve ser referenciado como o ano em que nos humanizamos.
A pandemia fez transparecer os nossos mais singelos valores, nos tirou da zona de conforto, nos fez sofrer com muitas perdas e, também, nos possibilitou usar a criatividade para inovar. Vivenciamos momentos de convívio intenso com nossas famílias, nos adaptamos às novas rotinas e normalidades, aprendemos a utilizar novas ferramentas e valorizamos a ciência, a saúde e a educação.
Encerrando mais esse ciclo de 365 dias, nos questionamos: como vai ser em 2021? Que expectativas vamos ter diante de um cenário que ainda parece tão incerto e inseguro? Acredito que a resposta está na origem da palavra esperança. Do Latim sperāre, ela nos instiga a um sentimento de olhar para o futuro.
Um olhar de horizonte prospectivo. Entretanto, para termos essa visão, uma atitude básica se faz necessária: aceitar o passado e ressignificá-lo. Sem passado, não há futuro, não há esperança. Inspirados pelo grande estudioso Viktor Frankl, precisamos encontrar sentido para a nossa vida, um sentido para termos esperança.
Quando olhamos para 2020, vivemos uma espécie de luto, parece que o ano passou e nós não o vivenciamos com a intensidade que deveríamos. A esperança está justamente em ressignificar as razões que nos dão motivo para mantermos a fé em dias melhores. Podem ser coisas simples do nosso dia a dia, ou, então, grandes sonhos que foram pausados durante a pandemia.
O que não podemos perder em 2021 é o legado de humanidade que a pandemia nos trouxe. Não esqueçamos de valorizar o tempo que dedicamos para as pessoas que amamos, de praticar a solidariedade sem medidas, de cuidar dos mais idosos, de valorizar todos os profissionais que dedicaram suas vidas e suas jornadas de trabalho para salvar tantas pessoas. Se existe um aprendizado dessa jornada de 2020 é a percepção mais intensa de que tudo está interligado e que dependemos uns dos outros para viver.
Que, nos próximos 365 dias, possamos manter viva e esperança em dias melhores e ressignificar tudo o que 2020 nos ensinou.
*Artigo publicado no jornal Zero Hora no dia 29/12/2020