Estimados Ir. Óscar Martín e Sylvain Ramandimbiarisoa, Conselheiros-Gerais e representantes do Governo-Geral do Instituto Marista em nosso Capítulo Provincial;
Estimado Padre Carlos Gustavo Haas, Presidente desta celebração e Assessor Litúrgico do Capítulo;
Estimados Irmãos Capitulares, Irmãos Convidados, Leigos/as e jovens convidados, formandos, gestores maristas, familiares, demais presentes e pessoas que nos acompanham pelas redes sociais.
Começo com uma palavra de profunda gratidão por tudo o que se conseguiu concretizar no Triênio que termina. Sou eternamente grato aos Irmãos do Conselho Provincial e aos membros dos Conselhos de Administração. Uma palavra especial de agradecimento ao Irmão Vice-Provincial, a todas as Comunidades da Província, à equipe da Secretaria Provincial, às equipes da instância Corporativa e Canônica e a todos os que estão à frente dos empreendimentos e espaços de missão. Se chegamos até aqui, é porque construímos juntos. Nesse espírito, convido-os todos a um profundo agradecimento a Deus e a Maria, nossa Boa Mãe, pela construção do consenso, da comunhão, da liderança servidora, da unidade na diversidade, do olhar para horizontes mais amplos, do olhar o futuro com esperança, da cultura do encontro e da disposição para viver o presente com responsabilidade.
Nos últimos Capítulos Provinciais adotamos temas-chave como horizontes iluminadores para os triênios que se inauguravam. Em 2009, Corações novos para um mundo novo; em 2012, Chamados a cuidar da vida; em 2015, Juntos, um novo começo; e, agora, Juntos sejamos pontes e farol de esperança! A palavra juntos carrega intrinsecamente conteúdo, método e comportamento em que todos são convidados a aderir na busca de uma vivência que testemunhe o empenho pessoal e institucional, em nível de excelência, dos sete valores institucionais definidos em 2011, no primeiro esboço de governança e gestão corporativa. Juntos transcende a individualidade ou o individualismo; transcende a soma dos esforços individuais e revela a adesão coletiva, livre e total, a uma proposta de vida e missão.
Juntos é uma atitude, um comportamento de excelência que direciona as nossas melhores energias na propagação dos valores do Evangelho, traduzidos nos valores da Instituição Marista nos campos da espiritualidade, da vida compartilhada e da missão. Sonhando sozinhos corremos o risco de ter que administrar egos. Como nos preconiza o XXII Capítulo Geral, precisamos passar dos egos para os ecos (ecologia, ecossistema, economia solidária). Nunca esqueçamos que apostamos no juntos, que nos convida a concretizarmos o ser família carismática global. Mas, Juntos para quê, neste novo triênio?
Juntos sejamos pontes e farol de esperança! Para que isso se torne vida, precisamos nos conscientizar de que estamos imersos num mundo emergente – turbulento e conturbado. Nosso país vive polarizações extremadas e situações em que o diálogo e o bom senso perdem espaço importante. Não precisamos descrever essas turbulências, pois conhecemos o contexto e os cenários que estamos vivendo. Precisamos, sim, nos fazer as perguntas lançadas pelo XX Capítulo Geral: Quem deseja Deus que sejamos neste mundo emergente? Que deseja Deus que façamos neste mundo emergente?
Se o juntos sejamos pontes e farol de esperança será o horizonte inspirador do Triênio que estamos iniciando, é evidente que o Capítulo Provincial em curso precisa refletir e discernir as prioridades para concretizá-lo. Permitam-me aqui fazer uma analogia aos cartões verde, amarelo e vermelho, utilizados na dinâmica do Capítulo para o discernimento, o diálogo e a tomada de decisões.
Daremos cartão verde para que alguns aspectos vitais se tornem o centro, para que o horizonte inspirador seja realidade. Arrisco-me a indicar que ergueremos bem alto este cartão:
para a busca de ressignificação da consagração religiosa, da partilha fraterna em comunidade, do acompanhamento dos Irmãos e das Comunidades;
para uma profunda espiritualidade encarnada, como fonte vital de reconfirmação da escolha fundamental de seguir Jesus Cristo do jeito Marista;
para o discernimento consistente dos caminhos a serem desenhados e construídos nos itinerários da Animação Vocacional e da formação inicial e continuada dos Irmãos e Leigos/as Maristas de Champagnat;
para a tomada de consciência de que somos família carismática global, chamados a caminhar numa relação de comunhão entre Irmãos e Leigos/as, em vista da vitalidade do Carisma legado por São Marcelino Champagnat;
para o esforço autêntico em colocar-nos à escuta do mundo, no sentido de captar as perguntas, as angústias, os gritos e os desafios, e dar respostas às necessidades emergentes de todas as pessoas, de modo particular das crianças, adolescentes e jovens;
para o olhar em direção de horizontes mais amplos, vencendo barreiras e fronteiras; e
para o posicionamento dos espaços de missão como lugares privilegiados para a evangelização, o desenvolvimento integral da pessoa, da inovação, da pluralidade, do respeito à diversidade, do diálogo como ferramenta da cultura do encontro, do entendimento e da unidade.
O cartão amarelo nós daremos para o que precisa ser mais aprofundado, aquilo que precisamos dar mais tempo e discernir melhor. Penso que sairemos do Capítulo com algumas perguntas e questionamentos:
Será que, de fato, somos capazes de superar a cultura dos egos e enveredar pela cultura dos ecos, a fim de vivenciar verdadeiros diálogos contemplativos nas comunidades e nos espaços de missão?
O que estamos dispostos a deixar ir, a fim de abrir espaço para deixar entrar aspectos que permitam ressignificar os projetos de vida pessoal, de vida compartilhada e de missão?
Como garantir nossa presença e evangelizar nos lugares em que os clamores são maiores, nos espaços que mais necessitam de acompanhamento e de um compromisso firme para sair de nossas zonas de conforto?
Como concretizar, hoje e com urgência, o clamor de Champagnat: Precisamos de Irmãos!?
Como responder ao clamor dos jovens, expresso na mensagem aos capitulares do XXII Capítulo Geral: Não se cansem de apostar na juventude, sigam sendo testemunhas de esperança entre as crianças e jovens e caminhemos juntos, na mão de Maria, rumo a um novo começo?
O cartão vermelho dispensa explicações. Acredito que não teremos medo de erguê-lo:
para os nossos medos, inércias e pontos de conforto em nível pessoal e institucional;
para a indisponibilidade global e até mesmo local, que impede nossa profecia e mística e o desenvolvimento dos talentos recebidos do Criador;
para as falsas promessas da filosofia do consumismo, fábrica de neuroses e de promessas frustrantes de sentido de vida;
para posturas radicalizadas, que impedem o diálogo e inviabilizam a fraternidade; e
para as incoerências flagrantes, sob o pretexto de respeito pelos outros.
Somos chamados a construir uma família carismática global. Leigas, Leigos e Irmãos, somos convidados a voltar às origens da Igreja e ao sonho de Champagnat: uma Igreja Povo de Deus, onde todos têm seu lugar ao redor da mesma mesa, seguem a Jesus Cristo e vivem seu Evangelho. Esse, sim, é o verdadeiro novo começo, e ele exige que caminhemos juntos, partilhando fé e vida em espaços de diálogo e encontro. Podem nos ajudar os desafios emanados do último Capítulo Geral, fonte inesgotável de inspiração. Como bem dizia o Ir. Emili Turú, “esse processo não tem volta".
Olhemos para o passado recente com gratidão, vivamos o presente com responsabilidade e, ao mesmo tempo, vislumbremos o futuro com esperança! Estejamos abertos ao discernimento, à mudança de mentalidade e ao constante aperfeiçoamento técnico e comportamental. Isso deve nos ajudar a mitigar riscos elevados, sem perder a capacidade de ousar. Ousar é preciso, sobretudo em áreas com fragilidades maiores e diante de temas emergentes: os migrantes, o cuidado com a Casa Comum, a presença significativa entre as crianças e jovens, o cultivo de nossa interioridade. Somos chamados a ser construtores de pontes e farol de esperança àqueles que nos são confiados, em nossos lares, em nossas comunidades e nos espaços de missão em que atuamos.
Para o futuro, um olhar cada vez mais aguçado para as necessidades das crianças e jovens. Em nosso radar, a presença da intencionalidade e espírito do Fundador, para formar cristãos virtuosos e cidadãos honestos. Para hoje, o respeito à pessoa e o compromisso de tornar nossos ambientes educativos e assistenciais cada vez mais humanizados e humanizadores.
Descortina-se um futuro que exigirá discernimento combinado com ousadia. Desejo que sejamos fiéis aos princípios de São Marcelino Champagnat, contando com a proteção de nossa Boa Mãe no seguimento de Jesus Cristo, indo ao mundo como discípulos do Único Mestre e formando novos discípulos e missionários, conforme nos pede o documento de Aparecida.
As bênçãos de Deus não nos faltarão se tivermos os corações e mentes abertos para acolher o que Ele nos inspira! Sejamos construtores de pontes e farol de esperança, juntos!
Muito obrigado!
Ir. Inacio Nestor Etges
Provincial