Encontro Coração Solidário Marista promove reflexão sobre solidariedade e esperança

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Como tradicionalmente ocorre desde 2014, o Encontro Coração Solidário Marista 2025 foi realizado no dia 28 de outubro, reunindo mais de 100 adolescentes e jovens dos Centros Sociais da Rede Marista. O evento ocorreu na Casa Marista da Juventude (Caju), com uma programação intensa, iluminada pela temática Corações Solidários, Juventudes de Esperança.

 

Ao longo do dia, os/as educandos/as participaram de atividades e vivências diversas, como painel temático, oficinas e dinâmicas de integração, reflexão e espiritualidade. Dinamizado pelos/as jovens do Cesmar e do Colégio Marista Ir. Jaime Biazus, o dia começou com um bingo, atividade desenvolvida para que todos pudessem se conhecer mais e melhor. Depois, conduziram também a oração do dia.

 

Ir. José Bittencourt, coordenador da Área de Solidariedade, deu as boas-vindas a todos/as os/as participantes e reforçou a importância do Encontro como um movimento de escuta e protagonismo das juventudes. Na sequência, foi realizado o TED Experiências que Transformam Vidas, com três convidados/as especiais, com histórias de vida inspiradoras.

 

O primeiro a falar foi Carlinhos Guarnieri, socioeducador da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Fase). Em um relato muito sensível e profundo, ele falou sobre as situações desafiadoras que encontrou ao longo do caminho, no trabalho e na vida pessoal. Fez a leitura de uma de suas centenas de poesias, escrita cinco anos antes do seu primeiro contato profissional com pessoas em situação de rua (leia na íntegra ao final da matéria).

 

A segunda convidada do TED foi Tissiele de Moraes, ex-educanda e atual educadora marista. “Com 14 anos, eu entrei na PJM, e aí eu fui me encontrando de novo. Meu brilho voltou! Voltei a fazer as coisas que eu gostava! Fui animadora da PJM também. Fui começando a entender o ciclo da vida! As coisas acontecem porque têm que acontecer. Atualmente, trabalho como educadora na Escola Marista de Educação Infantil Menino Jesus. Então, seu eu puder dizer uma coisa para vocês é: não desistam!”.

 

O terceiro convidado foi Luciano Marino, educador social do Cesmar. Ele também emocionou o público presente ao falar sobre a sua trajetória de vida, especialmente com a ligação que ele tem com a cultura do hip hop.

 

Programação da tarde

 

Entre músicas e muita animação, a programação da tarde seguiu com uma divisão dos/as participantes em três oficinas: Oficina Cultura Hip Hop – dança e música, com o educador Luciano, e grafite, com o educador Alexandre da Luz –; e Oficina de Violência de Gênero e Direitos, com os/as educadores/as Bryan Rodrigues e Vitória Duarte, ambos do Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH). Todos/as participaram das três atividades.

 

Como encerramento do dia, os/as educandos/as do Centro Social Marista Aparecida das Águas realizaram uma apresentação de teatro, trazendo à tona a realidade de muitas comunidades e territórios onde estamos inseridos. Ao final do dia, na Capela da Caju, foi realizado o envio com todos/as os/as participantes. Ir. José novamente agradeceu pela presença e, especialmente pelo compromisso que assumem ao se tornar um coração solidário.

 

O dia 28 de outubro

O encontro de Champagnat com o jovem Montagne, ocorrido em 28 de outubro de 1816, revela a experiência da vulnerabilidade humana e a aproximação com a graça de Deus. Ao perceber a dignidade negada a esse jovem pobre, nasceu no coração de Marcelino a urgência de fundar o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria. Relembrar esse encontro é ressignificar Montagne hoje, no rosto e na vida de tantos jovens marginalizados. 🙏🏼

Em nossa Província, o dia 28 de outubro também é a data em que, há 12 anos, ocorre o Encontro Coração Solidário Marista. Mais de 100 adolescentes e jovens atendidos/as pelos Centros Sociais Maristas se reúnem em Porto Alegre para um dia de vivências, escuta e partilhas. 🥰

 

Abaixo, fique com o poema recitado em um dos momentos do encontro:

 

Massa Instantânea

Eu falo de uma massa
Que não é espaguete,
É uma massa crua,
É o menino na rua
Rotulado de pivete
Pela educação escassa.

Eu falo de uma massa
Que não é macarrão,
É o guri sem teto,
Sem afeto, analfabeto,
Seu colchão é o chão,
Vida de cão sem raça.

Eu falo de uma massa
Que não é massa folhada,
Pede grana no sinal,
Só tem folhas de jornal
Contra o frio da madrugada,
Sua pele é sua couraça.

Eu falo de uma massa
Que não é de pastel,
Recheada de vento,
Dormindo ao relento
Seu teto é o céu,
Sem recheio é só carcaça.

Eu falo de uma massa
Que não é ravióli,
Intragável, indigesta,
Que a princípio não presta
E que ninguém engole,
E no mole despedaça.

Eu falo de uma massa
Que não é parafuso,
É o moleque inteligente
Que de tanto solvente
Vai ficando confuso
Enquanto o tempo passa.

Eu falo de uma massa
Que não é de panqueca,
Fissurada no crack
A mente sente o baque
Enquanto o corpo seca
E a vida embaraça.

Eu falo de uma massa
Que não é capelete,
Não tem armas pra luta
E nem força pra disputa,
Por isso nem compete,
Fica vivo por pirraça.

Eu falo de uma massa
Que não é nem um miojo,
Boicotada e desprezada,
Que não é valorizada
E que a elite tem nojo,
Seu paraíso é a praça.

Vem agora e abraça
A massa instantânea,
Que não quer ficar no molho,
Mas transcender o teu olho,
Quer tua atitude espontânea,
Vem agora e abraça!

 

Carlinhos Guarnieri / 1998

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