10 anos da Laudato Si’ e o Dia Internacional da Biodiversidade: a Casa Comum é para todos

Por Leon Rodrigues, da Área de Solidariedade da Rede Marista

No dia 24 de maio de 2025, completam-se 10 anos da publicação da Carta Encíclica Laudato Si’, um marco histórico em que o Papa Francisco convocou a humanidade a reconhecer a Terra como nossa Casa Comum. Por meio da visão de uma ecologia integral, a Terra é vista como um lar partilhado, onde todas as formas de vida estão interligadas.

O aniversário da Laudato Si’ (24 de maio) ocorre dois dias depois do Dia Internacional da Biodiversidade (22 de maio), um marco na luta pela conscientização sobre a proteção de todas as formas de vida. Essas datas nos convidam a refletir sobre nosso pertencimento à natureza e a urgência de uma conversão ecológica integral, que una fé, justiça e cuidado com a criação.

Inspirado no Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, o Papa Francisco recorda que a Terra é como uma “irmã” e uma “mãe” que sustenta a vida, mas que hoje sofre pelos danos causados pela exploração desmedida. A Encíclica não se limita a uma crítica ambiental: ela denuncia a cultura do descarte, que marginaliza os pobres e destrói ecossistemas, destacando que “tudo está interligado” (p. 71) — crise climática, desigualdades sociais e degradação moral.

O legado de uma década da Laudato Si’ é de avanços e desafios. Nesses 10 anos, a Laudato Si’ inspirou iniciativas pelo mundo. Paróquias instalaram painéis solares e comunidades promoveram hortas sustentáveis. Trata de um documento que transcende a esfera da comunidade católica e vem sendo amplamente citado por ambientalistas, cientistas e autoridades pelo mundo.

Contudo, apesar dos progressos, o Papa Francisco alertou em Laudate Deum (2023) que as respostas ainda são insuficientes diante dos desafios, como a perda de biodiversidade e o aumento de refugiados climáticos.

Assim, as duas datas, o Dia Internacional da Biodiversidade e o aniversário da Laudato Si’, nos proporcionam uma janela ampliada de oportunidade para refletirmos sobre o cuidado da nossa Casa Comum e de todos os seus habitantes. O Dia Internacional da Biodiversidade é um chamado à ação, que ressoa com a visão da Laudato Si’. A Terra, nossa Casa Comum, exige uma sobriedade solidária, por meio da redução do consumo, da opção por energias renováveis e do apoio a economias locais, assim reduzindo os impactos sobre o planeta e promovendo a vida.

Laudato Si’ também nos convoca em defesa dos vulneráveis. Garantir água limpa, terra fértil e ar puro para comunidades marginalizadas, as mais afetadas pela crise climática, é um desafio urgente. A partir de uma espiritualidade ecológica, que se traduz em uma visão da natureza como um “sacramento”, nossa Casa Comum é uma dádiva repleta de beleza, harmonia e abundância, que precisa ser cuidada e cultivada com gratidão e reverência, e não explorada como um mero depósito de recursos inanimados.

A década da Laudato Si’ nos ensina que a mudança começa com pequenos gestos amorosos. Como escreveu o Papa Francisco: “que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança” (Francisco, 2015, p. 184). Neste aniversário, celebramos não apenas um documento, mas um movimento global que une fé, ciência e compaixão por um futuro tecido de esperança.

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Abaixo, leia a crônica escrita sobre o dia 22 de maio pelo Ir. Danilo Bezerra

Biodiversidade: dom de Deus e nossa responsabilidade no cuidado da criação!

O grito da terra é o grito dos povos; o grito dos povos é o grito da terra. Que gritos escutamos constantemente?

À luz da biodiversidade, dom de Deus, somos chamados e chamadas a fazermos a experiência da fraternidade universal na relação com a criação, que passa necessariamente pela nossa consciência e pelos nossos sentidos e sentimentos: somos e sentimo-nos irmãos e irmãs da vida em todas as suas expressões.

A biodiversidade, ou seja, a diversidade de vida, é essencial para a humanidade e o planeta Terra, que, por sua vez, consiste em um sistema integrado: “Tudo está interligado como se fôssemos um; tudo está interligado nesta Casa Comum”. Nos sentimos interligados/as, irmãos e irmãs desta Casa Comum, e comprometidos/as com o enfrentamento da tão conhecida e sentida crise ambiental?

Sim, porque essa crise, fruto das práticas de consumo e produção, nos interpela, pessoal e coletivamente, à escuta amorosa dos clamores dos povos, da terra e à preservação e ao cuidado integral do planeta, em vista de um futuro mais sustentável. 

A defesa da biodiversidade é parte constitutiva da luta por um mundo mais justo e igualitário, onde todos/as possam ter acesso aos bens naturais e a uma vida digna.

Façamos a nossa parte com ousadia e esperança!

Foto da matéria: Lábrea, Amazonas

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